-
Durante CPI, o ex-diretor da PRF disse que não tem intimidade com Bolsonaro: 'Relação muito profissional'
-
Nesta terça-feira (20), Silvinei Vasques prestou depoimento à comissão mista que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro.
- Por Camilla Ribeiro
- 20/06/2023 17h00 - Atualizado há 1 ano
Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), negou ter qualquer relação de intimidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Durante seu depoimento a CPI mista dos Atos Golpistas nesta terça-feira (20). Vasques afirmou que a relação existente entre os dois era "muito profissional".
"O presidente Bolsonaro, eu nunca fui, em nenhuma festa, por exemplo, da filha dele mais nova, não sou padrinho, não sou parente. Nunca votei nele, porque meu título de eleitor está em Florianópolis, sempre esteve lá. O que a gente tinha era uma relação muito profissional", afirmou.
Silvinei Vasques foi o primeiro a prestar depoimento na CPI mista dos Atos Golpistas. Ele era chefe da PRF no ano passado, exatamente no período em que a corporação se envolveu em polêmicas durante as eleições.
Em sua fala Vasques disse que Bolsonaro demonstrava "carinho" com a instituição. "Foi um dos questionamentos: 'Ah, por que o senhor tem foto com o presidente da República, lá na ação do Rio de Janeiro? Porque foi o único que deixou bater a foto, nenhum outro presidente autorizou a gente bater foto. Como é que eu ia ter foto com outro presidente?"
"Qual é o orgulho para um servidor público? Qual é o orgulho para um policial? Quem é o presidente? É o maior comandante das polícias, qualquer presidente. O atual também é, todos foram, então é um orgulho pra gente levar uma foto com o presidente, a gente se emociona. Só que, infelizmente, ele foi o único que dava essa autorização, por isso que eu tinha foto com ele", explicou.
O ex-diretor da PRF confirmou receber ligações de Bolsonaro, porém alega que a comunicação foi para acompanhar o trabalho da corporação.
"A relação com ele era muito profissional, em algumas vezes ele me ligou. Ele saía para ver como é que estava o serviço público, parava, falava com caminhoneiro. Caminhoneiro reclamava: 'Olha, em tal ponto da rodovia tem acidente', 'em tal ponto da rodovia os caminhões estão sendo assaltados'. Ele dizia: 'Vasques procura resolver isso aí, dar uma atenção, pessoal está sofrendo muito na estrada."
Porque Vasques é investigado?
Vasques é alvo de investigação em um inquérito da Polícia Federal que está apurando se houve prevaricação na atuação da PRF durante o bloqueio de rodovias feitos por bolsonaristas.
A PRF investiga também se houve violência política durante as fiscalizações de veículos feitas pela corporação durante o segundo turno das eleições de 2022, em especial no Nordeste.
Em seu depoimento à CPI, Vasques negou qualquer omissão ou irregularidade na atuação da PRF.
"A gente vai ter a possibilidade, pela primeira vez, de combater esta que foi a maior injustiça já realizada na história da Polícia Rodoviária Federal, que nos próximos dias completa 95 anos."
Vasques também negou a especulação de que a fiscalização de veículos tenha sido intensa no Nordeste, região onde o então candidato Lula era líder nas pesquisas, dificultando o acesso de eleitores às zonas de votação.
"Se falou muito que a PRF, no segundo plano da eleição, direcionou a sua fiscalização para o Nordeste brasileiro, isso não é verdade. Não é verdade porque o Nordeste brasileiro é a região onde mais temos infraestrutura da PRF no Brasil", disse Vasques.